Fonte: http://www.istoe.com.br
Os fichas-manchadas
Levantamento realizado por ISTOÉ mostra
que há mais de 500 ações civis contra
prefeitos acusados de corrupção que ainda
estão sem decisão da Justiça
A má notícia é que muitos deles são
candidatos à reeleição em outubro
Izabelle Torres
Nas grandes cidades e nos rincões do País, centenas de prefeitos
que buscam a reeleição no pleito de outubro formam uma
nova categoria de candidatos. Como não foram
condenados pela Justiça, sempre morosa em seus trâmites, eles não
que buscam a reeleição no pleito de outubro formam uma
nova categoria de candidatos. Como não foram
condenados pela Justiça, sempre morosa em seus trâmites, eles não
podem ser chamados de “fichas-sujas”, como são definidos os políticos com
passado comprovadamente criminoso. Na condição de denunciados, porém,
seria justo dizer que eles são os “fichas-manchadas”. Mesmo acusados pelo
Ministério Público e outros órgãos de fiscalização por fraudes e cobrança
de propina, entre outros crimes, esses políticos já se articulam para disputar
um novo mandato nas próximas eleições. Um minucioso levantamento feito
por ISTOÉ nos registros dos Tribunais de Justiça estaduais revela
uma situação alarmante:
de propina, entre outros crimes, esses políticos já se articulam para disputar
um novo mandato nas próximas eleições. Um minucioso levantamento feito
por ISTOÉ nos registros dos Tribunais de Justiça estaduais revela
uma situação alarmante:
há em curso mais de 520 ações civis contra gestores municipais
atualmente no cargo, além de outras 283 já concluídas e que
resultaram em cassações de mandato.
atualmente no cargo, além de outras 283 já concluídas e que
resultaram em cassações de mandato.
Além disso, mais de 440 prefeitos figuram em relatórios de
auditorias da
auditorias da
Controladoria-Geral da União por desvio de recursos de
convênios com o governo federal. As denúncias têm afetado
pouco a vida e os planos eleitorais dos suspeitos,
convênios com o governo federal. As denúncias têm afetado
pouco a vida e os planos eleitorais dos suspeitos,
que não parecem se constranger com o risco de ter que
interromper um comício para depor na Justiça.
interromper um comício para depor na Justiça.
Em São Luís, capital do Maranhão, João Castelo (PSDB) segue
para a campanha de outubro carregando sobre os ombros uma ação
de improbidade por fraude em licitação. Ele é acusado de participar
de um esquema que teria desviado cerca de R$ 115 milhões.
Em João Pessoa, o mesmo pecado. O prefeito Luciano Agra
(PSB) é acusado de superfaturamento de pelo menos R$ 3 milhões
em desapropriações de terras. Já a prefeita de Natal, Micarla de Souza
(PV), responde por denúncias de ilegalidade nas transações de aluguel de um
imóvel para abrigar uma das secretarias municipais. Na capital mineira,
o prefeito Marcio Lacerda (PSB) é o oponente que ninguém quer enfrentar.
Com o apoio de caciques e a capacidade de fechar acordos suprapartidários,
ele ignora a ação do Ministério Público que o acusa de causar danos ao
Erário em quase R$ 1 milhão com fretamento de aeronaves. Ao se explicar
sobre a ação do MP, o prefeito disse que usou os aviões fretados
para cumprir compromissos de agenda. “Nenhuma das viagens teve
motivação pessoal ou partidária”, afirmou. Também em Minas Gerais,
o prefeito de Bambuí, Lelis Jorge Silva (PTB), vai lançar sua campanha
de reeleição sem que tenha explicado a denúncia de aplicação
irregular de R$ 3,1 milhões, repassados pelo Ministério da
Integração Nacional para aplicação em obras de
recuperação de vias públicas.
para a campanha de outubro carregando sobre os ombros uma ação
de improbidade por fraude em licitação. Ele é acusado de participar
de um esquema que teria desviado cerca de R$ 115 milhões.
Em João Pessoa, o mesmo pecado. O prefeito Luciano Agra
(PSB) é acusado de superfaturamento de pelo menos R$ 3 milhões
em desapropriações de terras. Já a prefeita de Natal, Micarla de Souza
(PV), responde por denúncias de ilegalidade nas transações de aluguel de um
imóvel para abrigar uma das secretarias municipais. Na capital mineira,
o prefeito Marcio Lacerda (PSB) é o oponente que ninguém quer enfrentar.
Com o apoio de caciques e a capacidade de fechar acordos suprapartidários,
ele ignora a ação do Ministério Público que o acusa de causar danos ao
Erário em quase R$ 1 milhão com fretamento de aeronaves. Ao se explicar
sobre a ação do MP, o prefeito disse que usou os aviões fretados
para cumprir compromissos de agenda. “Nenhuma das viagens teve
motivação pessoal ou partidária”, afirmou. Também em Minas Gerais,
o prefeito de Bambuí, Lelis Jorge Silva (PTB), vai lançar sua campanha
de reeleição sem que tenha explicado a denúncia de aplicação
irregular de R$ 3,1 milhões, repassados pelo Ministério da
Integração Nacional para aplicação em obras de
recuperação de vias públicas.
O juiz Marlon Reis, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
alerta que denúncias vão acompanhar prefeitos candidatos
à reeleição em centenas de pequenas cidades do interior brasileiro,
como é o caso de Santa Bárbara d’Oeste (SP), Arataca (BA) e Codó (MA),
para citar os exemplos mais gritantes (leia nas fichas que ilustram
esta reportagem dez nomes que se destacam entre os campeões de irregularidades).
“Há problemas de todos os tipos e em cidades de diferentes Estados”,
diz Reis. “Os processos demoram tanto que os acusados se reelegem
sem que ocorra uma conclusão. Muitas vezes, eles são punidos somente
muitos anos depois de deixar o poder.” A previsão do juiz já é uma realidade.
Caciques de cidades brasileiras deixarão o cargo em dezembro sem arranhões
judiciais, apesar da gravidade das acusações que pesam contra eles.
alerta que denúncias vão acompanhar prefeitos candidatos
à reeleição em centenas de pequenas cidades do interior brasileiro,
como é o caso de Santa Bárbara d’Oeste (SP), Arataca (BA) e Codó (MA),
para citar os exemplos mais gritantes (leia nas fichas que ilustram
esta reportagem dez nomes que se destacam entre os campeões de irregularidades).
“Há problemas de todos os tipos e em cidades de diferentes Estados”,
diz Reis. “Os processos demoram tanto que os acusados se reelegem
sem que ocorra uma conclusão. Muitas vezes, eles são punidos somente
muitos anos depois de deixar o poder.” A previsão do juiz já é uma realidade.
Caciques de cidades brasileiras deixarão o cargo em dezembro sem arranhões
judiciais, apesar da gravidade das acusações que pesam contra eles.
Mesmo aqueles denunciados que não podem mais se reeleger darão as
cartas na sucessão. É o caso dos prefeitos de Maceió, Cícero Almeida (PTB),
e de São Paulo,
Gilberto Kassab (PSD). O primeiro carrega a acusação de ser o mentor
da chamada “Máfia do Lixo”. Almeida foi denunciado pelo
Ministério Público sob acusação de integrar uma quadrilha que desviou
mais de R$ 200 milhões dos cofres públicos por meio de contratos com
empresas de recolhimento de lixo. O caso foi parar no Tribunal de Justiça do Estado –
e lá ficou. Kassab figura como um dos políticos mais cortejados nas articulações
para o pleito de outubro, enquanto é acusado pelo MP paulista de
envolvimento em fraudes na inspeção de veículos. Segundo os procuradores,
o fundador do PSD teria causado prejuízo de mais de R$ 1 bilhão
à Prefeitura para favorecer uma empresa doadora de recursos para
sua última campanha.
cartas na sucessão. É o caso dos prefeitos de Maceió, Cícero Almeida (PTB),
e de São Paulo,
Gilberto Kassab (PSD). O primeiro carrega a acusação de ser o mentor
da chamada “Máfia do Lixo”. Almeida foi denunciado pelo
Ministério Público sob acusação de integrar uma quadrilha que desviou
mais de R$ 200 milhões dos cofres públicos por meio de contratos com
empresas de recolhimento de lixo. O caso foi parar no Tribunal de Justiça do Estado –
e lá ficou. Kassab figura como um dos políticos mais cortejados nas articulações
para o pleito de outubro, enquanto é acusado pelo MP paulista de
envolvimento em fraudes na inspeção de veículos. Segundo os procuradores,
o fundador do PSD teria causado prejuízo de mais de R$ 1 bilhão
à Prefeitura para favorecer uma empresa doadora de recursos para
sua última campanha.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski,
tem uma teoria polêmica sobre o número elevado de acusações
contra prefeitos. Para ele, as ações não refletem propriamente
um aumento da corrupção nas prefeituras, mas seriam consequência de
falhas no sistema de repasses. “O problema está nos convênios e nas
irregularidades que nascem em Brasília e deságuam nos pequenos
municípios”, diz Ziulkoski. “É um ciclo vicioso em que o prefeito,
de pires na mão, precisa se submeter para conseguir recursos para a
cidade. É injusto jogar a culpa somente no gestor.” Seja lá de quem for a culpa,
o fato é que a corrupção nos municípios desenhou um novo mapa
de poder nas prefeituras nos últimos anos. Até o fim de 2011,
foram realizadas 169 novas eleições por conta da cassação de mandatos
de prefeitos e vices. Nos próximos anos, esse número pode ser
ainda maior, considerando o fato de que metade dos políticos com
as fichas manchadas por denúncias provavelmente ainda estará no poder.
Claro que isso dependerá primeiro do eleitor e depois do próprio Judiciário.
tem uma teoria polêmica sobre o número elevado de acusações
contra prefeitos. Para ele, as ações não refletem propriamente
um aumento da corrupção nas prefeituras, mas seriam consequência de
falhas no sistema de repasses. “O problema está nos convênios e nas
irregularidades que nascem em Brasília e deságuam nos pequenos
municípios”, diz Ziulkoski. “É um ciclo vicioso em que o prefeito,
de pires na mão, precisa se submeter para conseguir recursos para a
cidade. É injusto jogar a culpa somente no gestor.” Seja lá de quem for a culpa,
o fato é que a corrupção nos municípios desenhou um novo mapa
de poder nas prefeituras nos últimos anos. Até o fim de 2011,
foram realizadas 169 novas eleições por conta da cassação de mandatos
de prefeitos e vices. Nos próximos anos, esse número pode ser
ainda maior, considerando o fato de que metade dos políticos com
as fichas manchadas por denúncias provavelmente ainda estará no poder.
Claro que isso dependerá primeiro do eleitor e depois do próprio Judiciário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário